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brasileiro, casado, três filhos, professor de Hebraico, Crítica do AT, Arqueologia e Grego. Bacharel em Teologia e Licenciado em Letras - Administrador de Redes

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quinta-feira, 2 de abril de 2009

Trechos do Livro: Gênesis, de José Ribeiro Neto


INTRODUÇÃO


Gênesis é um dos livros mais importantes da Bíblia por narrar as origens do universo, do homem, do pecado, das nações e do povo de Israel. É um dos livros mais atacados por certos cientistas e mais criticado pelos incrédulos. Não é por menos, pois em Gênesis vemos o plano de Deus para o homem e até mesmo a derrota de Satanás através de Cristo (3.15).

Muitos exemplos para a nossa vida diária se encontram no livro e através de 12 lições, procuraremos aplicações práticas para a vida cristã. Ao estudar os relatos do livro, veremos o poder da Palavra de Deus e a beleza de suas narrativas, que tendo sido escrita a milhares de anos ainda assim são como uma carta aberta de Deus endereçada a cada um de nós para que aprendamos a viver mais perto dele e mais dentro de seus propósitos.


TÍTULO


A palavra Gênesis tem origem no grego guenessis que significa: origem. Os judeus deram a ele o nome de ber’eshyt, que significa: “no princípio”, de acordo com as primeiras palavras que aparecem no livro:


Ber’eshyt bara’ ‘elohym ‘et hashamaym we’et ha’arets


TEMA CENTRAL


O livro de Gênesis trata das origens de todas as coisas, como já foi dito na introdução, o objetivo é mostrar que toda a criação é fruto da ação de Deus e que Ele não só criou como também sustenta e dirige sua criação, e ainda, que ele tem um propósito último em todas as coisas criadas e na história do homem.

Todos esses pontos, relatados em Gênesis, nos dão a visão da importância do livro. Nele vemos os princípios e os objetivos de Deus, sua bondade, providência e propósito para todas as suas criaturas.

Temos também. Em Gênesis, o homem como criação principal de Deus, bem como a família humana como a cumpridora dos objetivos do Criador. Dentre as famílias humanas, Deus separa uma família especial, que é a família de Abraão, da qual vai surgir a família judaica, responsável diante de Deus por ser canal de bênçãos para todas as famílias da terra (Gn 12).



  1. ESBOÇO DO LIVRO1


I – Introdução

II – História primitiva

  1. A criação 1-2

  2. A queda e suas conseqüências 2-3

  3. O dilúvio 5-9

  4. A dispersão das nações 10-11

III – História patriarcal

  1. Abraão 12.1-25.18

  2. Isaque e Jacó 25.19-36.43

  3. José 37-50



  1. DATA E AUTORIA


Embora não esteja implícita a autoria, as evidências apontam para o único autor possível: Moisés; tem sido aceita a autoria mosaica tanto para a tradição judaica quanto para os protestantes ortodoxos. Embora seja questionada a autoria mosaica por liberais, em vista das evidências, tais contestações são insustentáveis.

Tendo em vista que o nosso estudo não visa apologia crítica, iremos simplesmente declarar o fato: Moisés é o autor de todo o Pentateuco, excetuando-se a parte que trata de sua morte, que deve ter sido escrita por Josué.

A data aproximada da escrita de Gênesis é de 1.440 a.C.


LIÇÃO I – NO PRINCÍPIO 1.1-6.7


Dentro dessa primeira divisão de Gênesis temos as seguintes subdivisões:


1.ª A criação dos céus, da terra e de todos os seres vivos, do ponto de vista geral (1.1-31)

2.ª A criação do homem e da mulher (2.1-25)

3.ª Tentação e queda do gênero humano (3.1-24)

4.ª Caim e Abel e o primeiro homicídio (4.1-26)

5.ª A intenção de Deus em destruir a raça humana corrompida (6.1-7)


1.ª A criação dos céus, da terra e de todos os seres vivos, do ponto de vista geral (1.1-31)


Como já mencionado, Gênesis é o livro das origens e em diversas narrativas do livro iremos perceber que Moisés narra os fatos do ponto de vista geral, para posteriormente se centralizar nos fatores mais importantes dentro do plano de Deus.

O propósito desse estilo é mostrar o plano geral de Deus ao realizar determinada ação, para posteriormente enfatizar os agentes específicos na realização de Seus propósitos.

No caso da narrativa do capítulo 1, Gênesis não pretende ser um tratado científico e muito menos filosófico de “como” Deus criou, mesmo porque, se o SENHOR assim o fizesse, nenhum cientista, em nenhum século, poderia entender.

Gênesis, na simplicidade e beleza da prosa hebraica, busca antes, mostrar o “porquê” da criação. Deus, o único Criador2, pois cria a partir do inexistente3, não só cria, mas cria com propósito pré-ordenado.

À luz do NT, muito mais claro se tornam os objetivos da criação:


em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados; o qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. (Cl 1.14-17)


Vemos ainda, que no primeiro capítulo de Gênesis, o agente da criação é a Palavra, visto que a frase: e disse Deus: haja... e houve “4 é repetida diversas vezes. O entendimento de que a Palavra de Deus é o agente da criação se torna mais elucidado no NT, onde vemos ser Cristo o ”Verbo de Deus“(Jo. 1.1)”.

O Espírito Santo também está presente na obra criadora,


E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus5 se movia sobre a face das águas. (1.2)


OS DIAS DA CRIAÇÃO


1.º DIA – CRIAÇÃO DA LUZ E SEPARAÇÃO ENTRE LUZ E TREVAS


A luz é fundamental à vida, sem luz não haveria vida, alguns estudiosos dizem que a luz criada por Deus no primeiro dia foi uma espécie de luz espacial que iluminava a terra, uma vez que o Sol e as estrelas só foram criados no quarto dia. Essa luz criada no primeiro dia proporcionou a sobrevivência das plantas até que o sol fosse criado no quarto dia.


2.º DIA – CRIAÇÃO DA EXPANSÃO NO MEIO DAS ÁGUAS


É interessante que a palavra hebraica para céu (hashamaym), é plural, dando a idéia de várias partes, assim também a palavra hebraica para água (maym), possui a idéia de pluralidade.

Não sabemos como era o planeta Terra nos primeiros momentos de sua existência, contudo, conforme nos dá a entender a narrativa, parece que havia águas acima e abaixo dos céus.


3.º DIA – APARECIMENTO DA PORÇÃO SECA – CRIAÇÃO DAS ERVAS VERDES – CRIAÇÃO DAS ÁRVORES FRUTÍFERAS


As ervas surgiram a partir da porção seca, ou seja, nessa parte da narrativa nós lemos que Deus deu ordem à porção seca para que produzisse as plantas e as árvores frutíferas e a partir delas as sementes seriam produzidas, ficando ao encargo do homem o aprendizado do plantio e do cultivo.


4.º DIA – CRIAÇÃO DOS GRANDES LUMINARES E DAS ESTRELAS


A perfeição da criação de Deus é impressionante, hoje se sabe que o sol e a Lua são essenciais à vida na Terra. Ambos não poderiam estar nem mais próximos nem mais distantes do planeta, se estivessem, não seria possível a vida na Terra.

Gênesis mostra, desse modo, que é a narrativa da criação mais perfeita, não poderia ter sido escrita pelos homens daquela época, visto que os mesmos não tinham os conhecimentos científicos que temos hoje para compor uma narrativa tão perfeita.

5.º DIA – CRIAÇÃO DOS SERES MARINHOS – DOS RÉPTEIS – DAS AVES

Aqui há palavras hebraicas para animais de difícil tradução, algumas traduções trazem no v. 21 “grandes baleias”, os judeus traduzem “grandes peixes”, outras versões dizem: “grandes animais marinhos”, Deus pode ter revelado a Moisés animais que foram criados e que se extinguiram por algum motivo desconhecido, talvez seja esse o grande mistério a respeito dos dinossauros e não como querem os evolucionistas. O que é claro, é que Gênesis nos indica que as espécies (myn), desde a criação eram separadas e não que surgiram de um processo evolutivo.


6.º DIA – CRIAÇÃO DE OUTRAS ESPÉCIES DE ANIMAIS E A CRIAÇÃO DA RAÇA HUMANA


Aqui vemos Deus completando a criação das espécies animais, contudo, o principal fato ocorrido no sexto dia foi a criação do gênero humano.

O homem é o auge da criação de Deus, é a coroa da criação. De acordo com Gênesis não é possível entender o homem como um simples animal como todos os outros, não, o homem é a imagem (tselem) e semelhança (demut) de Deus.


E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra. (Gn. 1.26-28)


Esta narrativa nos traz à luz a importância do homem na criação. Ele o criou para governar a criação. O homem foi criado para ser o governante da terra, dos seres viventes e da humanidade. A terra era para ser o lugar de uma grande família onde Adão seria o líder que governaria os seres humanos e os animais para o louvor e a glória de Cristo.


No final do capítulo 1, lemos que Deus viu que tudo o que tinha feito era muito bom. Em seis dias Deus criou todas as coisas. Há discussões teológicas sobre a palavra dia (yom) em Gênesis, alguns sugerem que os dias não são dias literais de 24 horas, mas períodos indeterminados de tempo. Embora seja “anticientífico” pensar em dias de 24 horas, me parece que o texto deixa claro esse fato. A ciência não pode ser a base da nossa interpretação, mesmo porque ela vive mudando e não podemos nos comprometer com todos os seus princípios.


2.ª A CRIAÇÃO DO HOMEM E DA MULHER 2.1-25 (A NARRATIVA ESPECÍFICA)


Gênesis é uma bela prosa literária oriental e tendo Deus respeitado as particularidades e estilos de cada autor, percebemos estas particularidades em cada livro da Bíblia.

Em Gênesis é comum o autor, Moisés, partir de uma narrativa geral, como é o caso do capítulo 1, para uma narrativa específica, como é o caso do capítulo 2. Assim, o capítulo 2 centraliza a narrativa no casal humano, o centro dos propósitos de Deus.

No capítulo 2 nos é detalhada a forma e os propósitos da criação do ser humano. Também no capítulo 2 de Gênesis é descrito o primeiro sábado, em hebraico shabat, que significa descanso:


Assim, os céus, e a terra, e todo o seu exército foram acabados. E, havendo Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra, que Deus criara e fizera. (2.1-3)


É evidente que quando se diz que Deus descansou é usada uma figura de linguagem em referência ao término da obra criadora do universo e do homem, entretanto, Deus não descansa, Ele não para de trabalhar e de criar6, isso é demonstrado nas passagens abaixo:


Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos confins da terra, nem se cansa, nem se fatiga? Não há esquadrinhação do seu entendimento. (Is 40.28)


E, por essa causa, os judeus perseguiram Jesus e procuravam matá-lo, porque fazia essas coisas no sábado. E Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. (Jo 5.16-17)


Como se pode ver, o nosso Deus não é estático, e nem deixou o mundo ao léu, como querem os deístas. O Deus trino não para de trabalhar, se descansasse por um segundo, todo o universo deixaria de existir, por isso o autor de Hebreus nos diz:


O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade, nas alturas; (1.3)


Ou seja, Deus não só criou todo o universo, mas Ele sustenta “todas as coisas pela Palavra do seu poder”, por meio de Jesus, o verbo de Deus, Ele criou e sustenta toda a criação.


CRIAÇÃO DO HOMEM E DA MULHER


Nesta narrativa mais específica de Gênesis, entendemos que Deus criou todas as coisas e o homem foi a última das criações de Deus. Ele deixou tudo pronto, animais, clima perfeito, toda a harmonia necessária para que o homem e a mulher fossem felizes e vivessem para a Sua glória, governando toda a Sua criação.


O homem foi criado do pó da terra (“afar min-ha’adamah). A palavra para homem em hebraico (‘adam), tem a mesma origem da palavra para terra (‘adamah), e é cientificamente comprovado que as propriedades presentes no homem estão também presentes na terra.


Não sabemos a localização exata do Éden, mas dois dos rios mencionados no capítulo 2.10-14 são conhecidos: o Chideqel, ou Tigre, e o Eufrates. O texto fala do bdênio, que é uma resina aromática amarelada.7 Estes dois rios são rios da Antiga Mesopotâmia, onde atualmente se encontra o Iraque.


Deus colocou o homem no Éden “para o lavrar e guardar” e colocou um teste para o primeiro casal humano, que consistia em um teste de obediência. Duas árvores foram colocadas no jardim: a árvore da ciência do bem e do mal e a árvore da vida (v. 9). A proibição era somente em comer a árvore da ciência do bem e do mal; toda a outra árvore, inclusive a árvore da vida, estava disponível para que o homem comesse.


Conhecendo o SENHOR a necessidade do homem fez cair um sono profundo e formou a mulher para ser adjuntora dele, que esteja como diante dele (“ezer knegdo), a idéia hebraica é de grande beleza, a palavra neged, que significa diante de, traz a idéia de alguém que está próximo, alguém com que se possa conversar (nagad= contar, tornar conhecido).


Esta palavra ocorre em contextos de aliança. A lei de Deus devia ser lida defronte Israel (i.e., de forma que todos ouvissem, Dt 31.17; cf. Js 8.35; Ed 8.3). As alianças públicas dos homens eram publicamente enunciadas (I Re 8.22) e postas em vigor de modo que toda a comunidade testemunhasse o ato.8


Deus fez o casal humano para que ambos se ajudassem, que fossem disponível um ao outro. O que leva muitos casais a contendas e separações é o fato de não estarem disponíveis uns aos outros para se ajudarem. Os problemas do dia a dia acabam afastando os casais, de modo que já não podem estar à frente (negued) um do outro para a ajuda mútua; é ainda interessante notar que quando o tentador tentou Eva ela estava só. O casal que quiser vencer as tentações sem o seu auxiliador certamente vai cair; Deus fez homem e mulher para estarem um diante do outro, prontos para se ajudarem.


O homem e a mulher, marido e esposa, estão intimamente ligados como uma só carne. Esta ligação íntima se dá através do casamento e da relação sexual. A relação sexual foi criada por Deus com vários propósitos: para procriação, para a alegria do casal humano e também para que o homem e a mulher tivessem intimidade. O hebraico usa continuamente a expressão “e conheceu sua mulher...” para falar do ato sexual. O verbo hebraico para conhecer é yada” que traz o sentido de um conhecimento íntimo.


A esposa conhece o homem na sua intimidade por causa da relação sexual, nesta relação eles não têm nada o que esconder um do outro, se conhecem por inteiro.


O relacionamento sexual tem sido deturpado em nosso mundo contemporâneo de modo que as pessoas têm revelado suas intimidades para várias outras pessoas, tornando quase que pública sua intimidade e acarretando com isso vários problemas pessoais. A vontade de Deus é que tenhamos intimidade com uma só pessoa a fim de conhecermos essa pessoa e termos uma profunda intimidade de relacionamento.


3.º TENTAÇÃO E QUEDA DO GÊNERO HUMANO


O Capítulo 3 narra o princípio do pecado, a astuta serpente, satanás, o diabo, através de suas artimanhas engana a mulher e através dela seu marido.


Vemos aqui que a mulher quis agir por conta própria, poderia muito bem ter chamado seu marido, mas preferiu tentar enfrentar sozinha o tentador.


A serpente foi usada como instrumento do diabo, é claro, com a permissão de Deus, foi a primeira prova proposta por Deus ao homem, mas o homem foi fraco e caiu.

Podemos fazer uma análise da tentação mais detalhada:


O DIABO LEVANTA UMA QUESTÃO COM UMA FALSA AFIRMAÇÃO


É comum que o inimigo nos faça questionar as leis de Deus, ele faz com que sejamos levados a pensar se Deus está realmente certo no que diz:


Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? (3.1)


É uma inversão da Palavra de Deus, é uma forma de questionar: por que não podemos comer desta árvore? O questionamento é uma forma de dúvida ao caráter de Deus, quando questionamos, duvidamos do mandamento e estamos duvidando da própria pessoa de Deus. A obediência não duvida, logo que confia que os mandamentos de Deus são bons, visto que Deus é bom.

A FALTA DE CONHECIMENTO DA PALAVRA DE DEUS ABRE A GUARDA PARA O INIMIGO


A mulher não tinha um conhecimento preciso do que Deus tinha dito, visto que sua resposta à serpente foi imprecisa:


E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, mas, do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. (3.2-3)


“... nem nele tocareis...” é por conta da mulher. A falta de preparo bíblico nos impede de estarmos vacinados contra a doença do pecado. Perceba que a mulher conhecia a Palavra de Deus, mas faltou a precisão, faltou conhecimento mais exato. Não basta conhecermos a Bíblia (a Palavra de Deus), precisamos ter um conhecimento exato da mesma.


O INIMIGO CHAMA DEUS DE MENTIROSO


É comum que o diabo, na tentação, use sempre esta estratégia, ele afirma que a Palavra de Deus não é verdadeira, o que Deus disse que aconteceria não iria acontecer.

Deus disse:


mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás. (negrito nosso)9


O diabo disse:


Então, a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. (negrito nosso)10

O inimigo age da mesma forma hoje, ele diz: não tem problema, um pecadinho não vai te matar, o que Deus disse não é verdade.


Mas se a tentação ocorre da mesma forma e o tentador não mudou sua forma de agir, por que ainda caímos na tentação?


A resposta é simples, caímos em tentação por fazermos como Eva:


    1. Damos oportunidade para que o diabo questione Deus;

    2. Temos um conhecimento superficial da Palavra de Deus;

    3. Aceitamos as mentiras do diabo.


Diferente do primeiro Adão, o segundo Adão, Jesus, não caiu em tentação, como podemos notar nas seguintes passagens:


Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão, em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o animal; depois, o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu. (I Co 15.45-47)


E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. (Mt 4.3-4)


Adão como representante da raça humana, tendo pecado, acarreta para a raça humana e para toda a criação as conseqüências do pecado.


Cristo, o segundo Adão, se comportou de maneira completamente diferente, embora as astúcias de satanás tenham sido as mesmas:


A. QUESTIONAMENTO: “SE TU ÉS O FILHO DE DEUS...”


A mesma dúvida com respeito a Deus foi levantada pelo diabo, contudo, Jesus não deu crédito aos questionamentos de satanás, e usando a Palavra (está escrito), Ele vence o tentador.


B. O DIABO NOVAMENTE ATUA NO CONHECIMENTO DA PALAVRA DE DEUS:


e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. (Mt 4.5, 6)


Porém, agora, o diabo não está mais lidando com Eva, que conhecia só superficialmente a Palavra de Deus. Desta vez era Jesus, que vence mais essa investida do tentador utilizando-se do Seu conhecimento da Palavra:


Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus. (4.7)


O tentador continua de forma semelhante ao que fez com Eva, oferecendo recompensas:


E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. (4.9)


E outra vez Jesus nos mostra que só podemos resistir à tentação conhecendo e utilizando a Palavra de Deus, pois Ele responde ao tentador:


Então, disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás. Então, o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos e o serviram. (4.10-11)


Ainda que nossos primeiros pais tenham sucumbido à tentação, Jesus como nosso novo representante nos liberou da servidão do pecado para a liberdade de filhos de Deus, pois cremos em seu nome (Jo 1.12).


Gênesis, tendo como objetivo falar sobre as origens narra no capítulo 3 a origem do pecado. Sem esse relato não saberíamos a causa de tanto mal e destruição no coração do homem.


A resposta para o sofrimento e a morte está no fato do pecado original. A comunhão que o homem tinha com o Criador foi rompida por causa do pecado. Mas é o próprio Deus que procura o homem para restaurar aquela antiga comunhão.


E chamou o SENHOR Deus a Adão e disse-lhe: Onde estás? (Gn 3.9)


E fez o SENHOR Deus a Adão e a sua mulher túnicas de peles e os vestiu. (Gn 3.21)


O pecado trouxe separação, mas o amor de Deus é tão grande que mesmo sendo Ele o ofendido, é Ele que provê a reconciliação.


E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação. (II Co 5.18-19)


A Bíblia, em Gênesis, mostra a origem e a gravidade do pecado, mas também mostra a grandeza de Deus ao redimir o homem através de Cristo.


4.ª CAIM E ABEL E O PRIMEIRO HOMICÍDIO 4.1-26


O capítulo 4 continua mostrando as origens, e aqui nos mostra a origem de um dos mais graves erros do homem, o homicídio. A origem de todas as guerras, ódio, inveja e de todo o mal está aqui, na história de Caim e Abel; dentre as frases, a mais marcante da narrativa está a palavra de descaso de Caim:


E disse o SENHOR a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão? (Gn 4.9)


O bom comportamento de Abel causou inveja em seu irmão Caim. Abel tinha o coração entregue a Deus e numa atitude de louvor e adoração entregou a Deus, dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta (4.4).


Caim no seu mau comportamento trouxe a Deus do fruto da terra, pois era lavrador, mas o que Caim trouxe ao Senhor não era das primícias, não era o melhor, e Deus não atentou para a sua oferta.

O que Caim não percebeu é que o problema não estava em Abel, nem em Deus, e nem ainda na oferta, mas no coração pecaminoso do próprio Caim11 e em sua falta de domínio.


E o SENHOR disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?

Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E, se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás. (4.6-7)


A idéia original do texto é de que o pecado é como um animal raivoso à porta da nossa casa, mas que Deus deu livre arbítrio ao homem para poder dominá-lo.


Caim não dominou o pecado, a inveja que tinha da justiça de seu irmão o fez mata-lo trazendo assim ruína à sua vida. Agora não podia mais cuidar da terra sem lembrar que a mesma estava desde então manchada de sangue.


Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e errante serás na terra. (4.12)


O primeiro homicídio da história humana marca para sempre a terra criada por Deus, que em cada assassinato é uma testemunha da violência e falta de amor ao próximo. O gênero humano terá que dar contas a Deus pelos milhares de vidas assassinadas e pelo mar de sangue sobre a terra, pois lemos:


Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas; e a uns deles matareis e crucificareis; e a outros deles açoitareis nas vossas sinagogas e os perseguireis de cidade em cidade, para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que matastes entre o santuário e o altar. (Mt 23.34-35)


Até o fim dos tempos o homem dará conta do sangue de seu irmão que tem derramado sobre a terra, mas Deus não é cruel que não ofereça oportunidade de arrependimento, o sinal colocado pelo Senhor em Caim não foi para marcá-lo, mas como diz o texto: “...para que não o ferisse qualquer que o achasse” (Gn 4.15).

Parece, contudo, que a geração de Caim não foi justa diante de Deus, pois nos versos que seguem vemos que se corromperam. É onde Deus começa a separar uma linhagem para seu louvor.

5.ª A Genealogia de Adão e a separação da linhagem de sete – 5.1.-32


O capítulo 5 de Gênesis parece ser sem significado, mas é uma descrição de como Deus começou a separar uma linhagem diferenciada da humanidade que o servisse. A linhagem de Sete foi a linhagem separada por Deus para que o cumprimento messiânico de Gn. 3.15 se cumprisse, e após a morte de Caim, a própria Eva tem uma visão profética desse fato, como lemos:


E tornou Adão a conhecer a sua mulher; e ela teve um filho e chamou o seu nome Sete; porque, disse ela, Deus me deu outra semente em lugar de Abel; porquanto Caim o matou. (Gn. 4.25)


E o próprio Sete gera um filho chamado Enosh (humano, talvez no sentido de uma humanidade que servisse a Deus), e o texto nos dá um marco importante a partir de Enos:


E Sete mesmo também nasceu um filho; e chamou seu nome Enos; então, se começou a invocar o nome do SENHOR. (4.26)


Vemos nesse capítulo, ainda, alguns personagens que se destacam na sua busca a Deus e à sua vontade, por exemplo:


Enoque - em uma breve descrição é dito que Enoque andou com Deus e não se viu mais, porquanto Deus o tomou para si (5.24). Este pequeno relato nos dá o indício de que Enoque tinha uma comunhão tão profunda com Deus que foi arrebatado às alturas, e assim o Novo Testamento nos confirma esse relato:


Pela fé, Enoque foi transladado para não ver a morte e não foi achado, porque Deus o transladara, visto como antes de sua transladação, alcançou testemunho de que agradara a Deus. (Hb. 11.5)


Lameque – parece que tinha uma esperança messiânica, visto que deu o nome de Noach (Noach = Noé) a seu filho, o nome Noé vem de uma raiz hebraica que significa “consolação”, e é o que o próprio texto explica: ... Este nos consolará acerca de nossas obras e do trabalho de nossas mãos, por causa da terra que o SENHOR amaldiçoou. (5.29).


O objetivo dessa narrativa genealógica é traçar a linhagem de Sete até chegar a Noé, que foi o grande instrumento de Deus para a propagação de sua mensagem de destruição da impiedade e de oportunidade de arrependimento.


Mesmo no meio de uma geração corrupta Deus separa um povo para sua glória, não importa o quão mau é o nosso século e a geração que nos acompanha, devemos servir a Deus de modo que sejamos a geração que seja separada para o louvor e a glória do Seu nome.



6.ª Deus resolve acabar com a humanidade corrompida – 6.1-8


Embora sejam estes versículos controversos na teologia, nosso propósito, na Escola Bíblica Dominical é tão somente observarmos quais são as aplicações práticas do texto para a nossa vida diária, logo não entraremos em detalhes sobre posições teológicas, tão somente colocaremos os pontos que pensamos ser importantes dentro da posição que achamos mais correta.


No capítulo anterior (Cap. 5), nós vemos a preocupação de Moisés em traçar a história dos descendentes de Adão após o primeiro homicídio cometido por Caim. Após o assassinato de Abel, Eva ao ter um outro filho coloca-lhe o nome de Sete dizendo:


... porque disse ela, Deus me deu outro filho em lugar de Abel; porquanto Caim o matou. E a Sete também nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos; então se começou a invocar o nome do Senhor. (Gn 4.25-26)


O capítulo 5, então, é uma continuação do 4 traçando a genealogia de Sete, mostrando assim que Deus estava separando uma linhagem para a vinda do Messias prometido em Gn 3.15.


Ao iniciar o capítulo 6, não há dúvida – embora alguns tenham – de que o objetivo de Moisés é narrar a degradação do gênero humano que foge dos propósitos de Deus. O Capítulo ainda mostra que mesmo em meio a uma geração corrupta e perversa Deus encontra um homem que lhe é agradável, um que possa achar graça aos seus olhos, o nome deste homem era Noé, que como já foi explicado acima, significa consolação. Assim, Deus se consolou, pois embora aquela geração seria destruída pela sua maldade, o SENHOR continuaria seus propósitos de enviar salvação através da linhagem de Sete, e mais tarde de Sem.

Uma lição muito importante estes versos nos trazem. Muitas pessoas se deixam levar pela moda da geração e acabam se corrompendo com os pecados da mesma, mas como veremos mais adiante, Noé se destacou como alguém que servia a Deus e fazia diferença no meio da sua geração; Assim também nós devemos fazer diferença e ser instrumentos nas mãos de Deus em nosso tempo.

1 - Paul HOFF, O Pentateuco, p. 22

2 - o verbo hebraico bar’a, que significa: criar, só é usado no AT para os atos de Deus

3 - ex nihilo

4 - way’omer ‘elohym yhy ... wayhy

5 - ruach ‘elohym

6 - esta figura de linguagem se chama antropopatismo, que é nome que se dá quando o autor humano, usa analogias humanas para expressar os sentimentos de Deus.

7 - Bíblia de Estudo Plenitude, p. 7, comentário sobre os vss. 10-14 do cap. 2

8 - DITAT 1289

9 - mot tamut, literalmente: morrendo morrereis, ou morte morrereis

10 - l’o mot temuten, literalmente: não morte morrereis

11 - a oferta só era um reflexo de seu coração

Um comentário:

Anônimo disse...

A paz gostaria de estar recebendo esse livro quanto custa meu imail=vagnerfran@hotmail.com Deus os abençoe e obrigado....